ANAMMOX: Rota anaeróbia para remoção de amônia
Atualizado: 22 de abr.
A estratégia biológica convencional para a remoção de nitrogênio é a nitrificação/desnitrificação, baseada na nitrificação aeróbia autotrófica e posterior desnitrificação em uma etapa anóxica e heterotrófica. Na primeira etapa, o íon amônio é oxidado pelo oxigênio a nitrito e, posteriormente, a nitrato. Na segunda etapa, o nitrito e o nitrato formados na etapa anterior são convertidos a nitrogênio gasoso. Este processo é geralmente mais eficiente em águas residuais com baixas concentrações de nitrogênio.
O processo de oxidação anaeróbia de amônia, ou simplesmente ANAMMOX (do inglês anaerobic ammonium oxidation), é uma das novas tecnologias para a remoção de nitrogênio. Este processo remove dois poluentes simultaneamente, amônio e nitrito, convertendo-os a nitrogênio gasoso.
O processo ANAMMOX é um tratamento biológico promissor para a redução de altas concentrações de nitrogênio em efluentes, como de agroindústrias por exemplo, considerando-se que transforma, de forma direta, compostos nitrogenados indesejados em gás nitrogênio.
Os microrganismos com atividade ANAMMOX têm uma fisiologia não muito comum, pois produzem energia a partir do consumo de amônia e na ausência de oxigênio. Neste processo, o nitrogênio amoniacal é convertido a nitrogênio gasoso por bactérias anaeróbias com o nitrito atuando como aceptor de elétrons, sob condições anóxicas.
Comparado com os processos convencionais de nitrificação/desnitrificação, o ANAMMOX tem a capacidade de remover cargas maiores de nitrogênio. Normalmente, a remoção de nitrogênio no processo é acima de 2 kg/m³ de reator por dia, enquanto os processos convencionais operam com cargas cerca de 10 vezes menores.
Além disso, o processo ANAMMOX ocorre pela ação de microrganismos quimiolitoautotróficos, que não necessitam de carbono orgânico como fonte de energia. O processo apresenta economia no tamanho de reatores além de consumir cerca de 60% menos energia quando comparado ao processo convencional (pois não necessita aeração). Também economiza custos com o tratamento do lodo em função do baixo crescimento celular (cerca de 0,11g SSV/gN-NH4+).
O processo tem tido sucesso em temperaturas elevadas (30 a 35°C) em efluentes com elevada concentração de amônia, tanto em reatores biológicos de crescimento em filme fixo como em crescimento suspenso.
Em relação ao esgoto, a tecnologia ainda não foi desenvolvida para remoção confiável de nitrogênio de esgoto em baixas temperaturas e concentrações diluídas de amônia, sendo mais utilizada em correntes auxiliares na ETE, como o efluente de reciclo de sistemas de desidratação de lodo de digestores anaeróbios.
Fontes: https://www.scielo.br/j/rbeaa/a/3DPyXdpwQwZGRg9ckfT6NZs/?lang=pt# e Metcalf & Eddy.